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UMA PRECE
ENSAIO DE ORAÇÃO PARA MINHA DENISE
NO SEU UM E MEIO ANIVERSÁRIO
Senhor, Tua branca espada não deixará
Que penetrem em meu pequeno
Coração: o egoísmo, a vaidade, a
Desconfiança e os males…
A luz refletida de
Tuas coisas me iluminará na estrada real
Distanciando-me da treva
Ao lado dos outros nas lutas
Seja eu areia macia que não incomoda
Que meu olhar atravesse o opaco e perceba
A erva de Deus não a esmagando
Sob meus pés.
Dai-me muito amor. Eu o distribuirei
Nas filas intermináveis
Se esta prece ouvires forte serei
E diariamente a farei
Meditando-a com meus
Atos de cada instante
Caminharei iluminada, sem me
Perder na escuridão
Amém.
Paris,
6, nov., 1961
Para minha Denise com muita saudade e
todo o amor do Vovô Candinho
CANDIDO PORTINARI
Desde cedo, Candinho demonstrou interesse pela pintura. Na escola, desenhou um leão que chamou a atenção do professor que, depois disso, pediu-lhe para desenhar as capas de provas de fim de ano. Fez, também, o desenho da porteira para o padre e, a partir daí, foi indicado a ajudar na pintura da fachada da igreja, em que era responsável pelo preparo das tintas. Sempre participando dos trabalhos artísticos da cidade, nesta época, Candinho já desejava ser pintor.
INTERESSE PELA ARTE
Ainda criança, Candinho já demonstrava interesse para o mundo das artes. Em 1914, aos 11 anos de idade, fez seu primeiro desenho conhecido: o retrato do compositor, copiando a imagem de uma carteira de cigarros.
Este primeiro desenho de Candinho faz parte de sua fase inicial, em que trabalhou com a reprodução de figuras, dando importância às formas e proporções e não à criação.
APRENDENDO A PINTAR
Aos 13 anos, Cadinho já desejava ser pintor. Mesmo com medo, saiu de sua cidade natal, Brodowski, e viajou sozinho para o interior do estado do Rio de Janeiro.
Aos 15 anos, matriculou-se na Escola Nacional de Belas-Artes/Rio de Janeiro e começou a freqüentar um curso livre de pintura. Nesse período, Portinari começou enfrentar.
Seu primeiro trabalho, em 1919, foi uma pintura do perfil de um homem, possivelmente, um dos intelectuais da época, mas foi reprovado no primeiro concurso de que participou na Escola Nacional de Belas-Artes.
Então, tornou-se um “retratista” (quem faz retratos de pessoas) fiel, utilizando as técnicas ensinadas pelo curso.
Candinho participava de todos os concursos da escola e, em 1928, nove anos depois, ganhou a tão esperada viagem à Europa, como prêmio pelo belíssimo retrato do seu amigo e poeta Olegário Mariano.
Passou, então, dois anos em Paris, capital da França, onde aprendeu uma nova maneira de pintar.
PINTANDO O BRASIL
Portinari se considerava um pintor social. Acreditava ser o mensageiro do povo. Usava os pincéis para retratar a pobreza e a miséria. Candinho ficava muito triste ao ver as pessoas infelizes e sofrendo. Achava que elas mereciam ser homenageadas e por isso eram o motivo de seus quadros.
Para ele, esta era a forma de trazer as pessoas pobres e esquecidas para o conhecimento da sociedade.
“Todo artista que pensasse sobre os acontecimentos que incomodam o mundo, chegará à conclusão de que fazendo seu quadro legível, sua arte, ganhará muito mais, porque receberá o apoio do povo. Os artistas que pensam em si próprios são os que mais sofrem, mas infelizmente é um sofrimento que não leva a nada e não ajuda a ninguém”
Cândido Portinari.
MINHA FAMÍLIA
Foi em uma viagem à França que Portinari encontrou seu grande amor. O pintor ganhara como prêmio do salão Nacional de Belas-Artes, uma bolsa de estudos em Paris, por retratar com competência o amigo Olegário Mariano.
Lá conheceu Maria Victória Martinelli, nascida no Uruguai. Casou-se com ela em Paris em 1930 e fixou residência no Rio de Janeiro.
No dia 23 de janeiro de 1939 nasceu no Rio de Janeiro seu único filho, João Cândido.
Em 1960, seu filho lhe deu uma neta, Denise, nasce no pintor uma nova inspiração para pintura. Portinari, assim, passou a pintar um quadro da neta por mês, mesmo contrariando recomendações médicas.
A MORTE
Portinari morreu muito jovem. Aos 58 anos, Candinho faleceu no Rio de Janeiro intoxicado pelas tintas que tanto amava. Foi no dia 6 de fevereiro de 1962. O artista vinha sofrendo há alguns anos devido ao forte cheiro das tintas. Foi aconselhado pelos médicos a se afastar dos pincéis. Mas Candido não poderia viver sem sua arte e preferiu dedicar sua vida a ela.
Cândido Portinari / 1903-1962